sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DIA DO PROFESSOR

Este ano estou afastado da sala de aula, estou em ano de estudos, em “exílio acadêmico”. Não recebi parabéns dos alunos, nem de colegas. Também não vou participar de lanches na coordenação, nem receber brinde (caneta, relógio, agenda...), muito menos uma maçã.

Confesso que depois de anos em sala de aula e hoje afastado, amanheci hoje saudosista. Com saudades do: “parabéns pro pelo seu dia” (na Bahia chamam professor de pró). Senti falta do abraço caloroso de colegas que como eu, sonham e acreditam na profissão que escolhemos (lembro aqui de Gustavo Motta - FTC, Eurílio, Catarina, Kátia – UNIT, Kleber – UFBA, dentre tantos).

Estou em exílio por opção e exclusão. Por opção, pois resolvi continuar minha formação acadêmica, e passei a me dedicar ao doutorado. Opção consciente, mesmo que contrarie a lógica do mercado que exige cada dia se ter mais. Mas por outro lado, estou em exílio por exclusão. Excluído de um sistema educacional privado que não investe na formação dos seus colaboradores, para não dizer funcionários. Que exige produção e qualificação, mas não colabora para tal, exceto com cursos de curta-duração, e que reproduzem claramente a visão ideológica do mercado.

É aí que me pergunto com toda sinceridade: Vale a pena ser professor? O que celebrar hoje? Vou tentar responder do meu jeito, o jeito “Zé Rominho” de ser.

Valer no sentido de valor monetário não vale. Ganhamos pouco, somos no Ensino Privado (superior ou não) explorados: reuniões, capacitações para “inglês” ver, em algumas instituições salários atrasados (lembro-me da época fatídica de uma faculdade que dei aula em Jequié – BA, e de alguns colegas numa outra faculdade em Salvador), fiscalização de coordenadores se estamos na sala de aula no horário designado (como se fossemos irresponsáveis ou brincássemos de dar aula). São revisões de prova absurdas, que questionam nossa competência, dentre outros absurdos.

Se existem alunos que nos respeitam como pessoas e profissionais, existem, e não são poucos, e o que é pior, incentivados pelo modelo que se instalou em nossas escolas, que nos desrespeitam. Quer com palavras, quer com ações: não lêem textos, não assistem às aulas, escrevem “abobrinhas”, “batem fotografias em sala de aula”, conversam no celular... E ainda ouvimos dos nossos superiores: “o cliente tem razão”. Razão de quê?

Mas vale a pena sim ser professor! E vale a pena no sentido ontológico de valor. Eu e minha velha filosofia... Pois vou tentar conceituar valor.

Valor é algo que atribuímos a alguma coisa, dar valor a algo, é não ficar indiferente. Valorar é uma experiência tipicamente humana. Valor é aquilo que é bom, útil, positivo. É algo que vale a pena, deve ser realizado. São valores assumidos e vivenciados a partir da experiência social de cada indivíduo. Os valores são resultados da experiência vivida por homens e mulheres, ao se relacionarem com o mundo, e que estas experiências mudam de acordo com o contexto em que vivem.

Neste sentido, SER PROFESSOR VALE A PENA, pois é uma experiência espetacular. Ouvir de um aluno: “professor eu quero pesquisar, o senhor me orienta”; ou: “obrigado professor por me ajudar a entender isso”; ou ainda, depois de algum tempo ouvir que hoje é um excelente profissional graças a seus professores. Isso é realmente cheio de valor.

E é por isso que temos o que celebrar hoje. Não pelos salários baixos, as poucas condições de trabalho, as turmas cheias ou a exploração a que somos diariamente submetidos. Mas por eles, pelos nossos companheiros e companheiras de sala de aula. É por eles que celebramos este dia.
Mesmo que eu não tenha recebido nem uma mensagem no Orkut ou no Facebook, nem uma “tuitada” (olha o saudosismo, e um pouco de decepção), mas é por eles que celebro este dia.

Assim, colegas de jornada, sei que para aqueles que estão nas instituições privadas ou no ensino público básico não há muito com o que se alegrar, para aqueles que estão no Ensino Superior público há sempre uma expectativa, para os que estão no “exílio” como eu há saudades. Mas para todos nós há esperança. Esperança de uma profissão menos explorada, mais valorizada e melhor remunerada (porque não?). Então, se você não tinha o que celebrar hoje, celebre como eu pelo menos isso: A ESPERANÇA.

E a todos vocês meus ex-professores (Eduardo, Celeste, Dante Gallefi, Elisete Passos, Cipriano Luckesi, Waldomiro, Otto Dourado, Henrique Guedes); meus professores atuais (Elisete Schade, José Willington); e aos amigos professores, que muito me ensinam e ensinaram (Robson Neves, Uverland, Enedina, Eurílio, Gustavo Motta, Luis Henrique, Catarina, Vera Núbia, Dilson, Sonia, Kleber, Expedito); e minha Mãe – Edna Magalhães, minha eterna professora. Não só agradeço como me junto a vocês nesta celebração.

Valeu!!!!!

Zé Rominho.

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