segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O tempo está passando! Tic-Tac, Tic-Tac ...

O ano está chegando ao fim. Lembrei de minha Avó Iracema. Dizia ela que quando entra o embro-bro o ano chegou ao fim. É setembro, outubro, novembro e dezembro. O último quadrimestre do ano. Mas qual o significado disso? Tudo não é  a mesma coisa?

Sim, do ponto de vista temporal, dos dias, semanas e meses não tem diferença entre outubro, janeiro ou maio. Mas da perspectiva produtiva da qual nós somos submetidos há muita diferença. Somos medidos pelo que produzimos em determinado tempo, em um período definido. Em nosso contexto, o início é o janeiro e dezembro o final. Em 12 meses precisamos dar resultados.

Quanto poupou durante o ano? Quais bens consumiu? Para onde viajou? Fez o quê? Se é na universidade: quantos artigos? Congressos? Se é na vida religiosa: quantas almas? E por aí vai.

Lembro de uma época que em reuniões eclesiásticas (sou presbiteriano e nos reunimos pelo menos uma vez por ano em Presbitério para avaliar as atividades passadas e planejar o ano que se inicia) os relatórios pastorais eram cheios de dados quantitativos. Quanto mais visitas, casamentos e batismos realizados, mais sucesso se tinha. Tudo se resumia em duas palavras: números e cobrança.

E é isso que todos os dias fazem conosco: cobram. E o que é pior, nós passamos a cobrar de nós mesmos. E ao chegar o fim de mais um período produtivo, começam a chegar os instrumentos de avaliação. Esta semana já preenchi um questionário de uma das minhas atividades. O que você fez durante o ano? Parece pergunta de filme de terror trash (o que vocês fizeram no verão passado?).

Mas é neste contexto que vivemos. Contexto de produtividade. O pensar, o contemplar, o sentir, o apenas estar junto não tem mais importância. O que vale é o número, e o que vem atrelado a ele. Seja de artigos, ou orientandos, ou visitas ou almas. Número, produtividade. Não há interesse em saber quem conversou com você, ou o que você fez quando alguém chorou ou sorriu. Se você ficou conversando com um aluno que está vivendo um conflito em relação a profissão, ou se aquele crente da igreja não sabe se muda de emprego ou não.

Estas coisas não são mensuráveis, não fazem sentido.

O ano está acabando, e eu estou aqui, Em vez de fazer algo produtivo, mensurável, estou escrevendo coisas de quem não tem o que fazer. Afinal de contas, isso não vai gerar nenhum lucro. É verdade! Deixa eu voltar para a realidade. Outubro já está no fim, e faltam cerca de 70 dias para acabar o ano. E o pior não escrevi nenhum artigo, não fui  a nenhum congresso, e só batizei 2 pessoas este ano. Acho que não vou ganhar presente de Natal. Não fui um bem menino.

Mas a vida segue!

Zé Rominho