sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A ESPERANÇA DE ZE ROMINHO

Estes últimos dias têm sido de terror para os moradores do Rio de Janeiro. Carros incendiados, arrastões, polícia na rua, carros de guerra etc. Ficamos de longe só tomando conhecimento dos acontecimentos via os meios de comunicação: TV, rádio, internet. E todos ficamos assustados com cenas que vimos e notícias que recebemos. E quase a uma só voz ouvimos e dizemos: graças a Deus isso não acontece aqui!

Interessante é que esta mesma expressão nós dissemos e os companheiros cariocas disseram quando a mesma imprensa divulgava as cenas de violência em Kosovo, Afeganistão, Iraque, Faixa de Gaza etc. Graças a Deus isso não acontece aqui!

Mas chegou o dia que estas coisas (violência, guerra, exploração, medo, drogas) começaram a acontecer aqui. Hoje no Rio, mas já foi em São Paulo (lembram do PCC), e amanhã pode ser Salvador, Recife, BH. Ou até mesmo em cidades menores como Aracaju, João Pessoa, Maceió.

Ou será que já chegou, só não é interessante a grande mídia divulgar. Pois aqui pode não ter tanques na rua, mas há mortes violentas (assassinatos de sem teto em Maceió, bala perdida em Salvador matando crianças) assaltos mirabolantes (caixas eletrônicos explodindo no sertão), as drogas invadindo a sociedade (o crack matando nossos jovens). Há também a exploração infantil (do trabalho a exploração sexual), a violência contra a mulher e a criança, desemprego...

Tudo isso abre a porteira para que meliantes (nome que a polícia gosta de usar) assumam o controle de espaços, pessoas e estabeleçam seus domínios. Assumam o poder. A ausência do Estado que tem como missão MANTER A ORDEM, PROMOVER O PROGRESSO, GARANTINDO O BEM COMUM, possibilita que meliantes organizados tenham tal poder.

Manter a ordem significa garantir direitos básicos do cidadão. Como o de ir e vir, o direito a educação, saúde, segurança. Aí pode se pensar em progresso, e o bem de todos. O Estado deve manter a ordem pública.

Para isso às vezes é necessário colocar os tanques na rua, como estamos acompanhando no Rio de Janeiro. Mas na maioria das vezes é preciso vontade política para colocar ordem. E isso passa por garantir a educação do nosso povo, passa por garantir condições para que haja trabalho, geração de renda. Com educação, emprego, saúde, crianças não precisaram ser exploradas, jovens não ficaram desocupados e vulneráveis as drogas e ao crime organizado. A sociedade organizada e protegida não se venderá a traficantes e milicianos que sugerem uma falsa proteção.

A ação militar no Rio é uma mostra de que algo está acontecendo, mas para que evitemos mais guerras por aqui, precisamos agir na base. O Estado tem que assumir seu papel. E aí não tem discurso neoliberal que se justifique. O Estado é responsável pela ordem, pelo progresso e pelo bem comum. Isto é pelas políticas de segurança, pela política econômica e pelas políticas sociais.

Espero que as coisas mudem. Espero que continuemos a viver em um país sem guerras, mas também em um país sem exploração infantil, sem violência doméstica, sem desemprego, sem miséria, um país sem medo. Espero que o Estado assuma sua missão, cumpra seu objetivo. Pois nós (povo) somos elemento essencial deste Estado, e confiamos a direção do mesmo aos nossos representantes legítimos. Não a bandidagem, não a meliantes. Confiamos aqueles e aquelas que se dizem gente do bem. E espero sinceramente que voltemos a ser aquele Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro... A terra das aves que gorjeiam bem diferentes das de lá.

Eu acredito!

Zé Rominho.

@zerominho

Nenhum comentário: