Aos meus amigos pastores e pastoras:
Hoje a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil celebra o
Dia do Pastor e do Missionário, em homenagem a ordenação do Rev. Eduardo Carlos
Pereira. Abaixo parte de um pequeno texto que em breve apresentarei em um Simpósio. Só
para lembrar quem foi nosso homenageado. Mesmo discordando dele em algumas
posições, entendo que sua vida é inspiradora para nós pastores hoje.
Em tempo de Mega Pastores, Apóstolos, Bispos, em tempos que
nossas igrejas nos cobram produtividade, crescimento, cultos animados, etc.
Lembro do nosso homenageado de hoje: Sua preocupação: o povo brasileiro. Seu
objetivo: Evangelizar. Sua vida: compromisso com o Evangelho.
Parabéns aos meus amigos pastores. Da IPIB e de outras
igrejas irmãs. Como dizia um professor meu no Seminário em Recife (SPN): “Não é
fácil a nossa vocação, mas eterno o nosso galardão...”
Que o dia de hoje seja de celebrações, descanso, reflexão e
de renovação de votos com o Senhor Eterno, com seu Reino, com o chamado para a
obra e com a IPIB.
Abraços a todos e todas.
Rev. Ze Rominho
@zerominho
Mineiro de nascença, Eduardo Carlos Pereira (1855-1923), foi professor
desde muito cedo. Entrou para a Igreja Presbiteriana em 1875, sendo ordenado
ministro presbiteriano em 1881, com vinte e seis anos de idade. Desde cedo no
seu ministério, Eduardo Carlos Pereira mostrou-se preocupado com a
evangelização das terras brasileiras. Cada vez mais alcançando espaço nas
reuniões conciliares, demonstra o interesse pela pregação do Evangelho,
passando a questionar a liderança norte-americana no que se referia ao
redirecionamento de verbas para a educação secular, e não no investimento na
formação de pastores brasileiros.
Eduardo Carlos Pereira buscava em seus sermões e textos publicados a
conversão de católicos à fé protestante. Fundou em 1883, a Sociedade Brasileira
de Tratados Evangélicos “com o objetivo de produzir literatura evangélica em
linguagem bem trabalhada e acessível ao povo dentro do contexto nacional”
(MENDONÇA, 1995, p. 87).
Com a visão de uma autonomia para a Igreja Presbiteriana brasileira,
Pereira concebe o que foi chamado de Plano de Missões Nacionais, que tinha como
objetivo acelerar o processo de independência financeira para sustentar
pastores, missionários e professores brasileiros. Em 1893, juntamente com
outros pastores presbiterianos nacionais, funda o jornal O Estandarte (ainda em
circulação). Para divulgar suas ideias, lança em 1887 a Revista de Missões
Nacionais.
Duas grandes lutas foram travadas por Eduardo Carlos Pereira. Uma com os
missionários americanos, no que diz respeito à necessidade de se evangelizar o
Brasil, e que todos os esforços da igreja deviam ser direcionados para esta
ação. E outra foi com a Igreja Católica, onde Pereira saiu em defesa do
protestantismo refutando ideias que surgiram tentando desestabilizar a igreja
protestante que se consolidava no Brasil. Pereira escreve nas páginas de O
Estandarte duas séries de artigos mostrando que havia uma superioridade
civilizatória protestante em relação aos povos colonizados por católicos
romanos, no que se refere principalmente ao progresso material e moral do povo.
(MENDONÇA, 1995).
Eduardo Carlos Pereira entendia que a América Latina continuava pagã,
para ele a mensagem católica romana havia distorcido a verdadeira mensagem do
Evangelho. O fato de ter sido colonizada por países cristãos, não fazia dela um
continente cristão. Esta perspectiva de Pereira fez dele um líder a ser ouvido
e respeitado pelos pastores brasileiros. Sua liderança levou a desenvolver
ideais nacionalistas, que culminou no surgimento da Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil (IPIB) em 1903.
Depois de pastorear igrejas em Minas Gerais, a Igreja Presbiteriana de
São Paulo o elegeu em 1888 como seu pastor e passou a mantê-lo com recursos
próprios. É o primeiro pastor brasileiro eleito e sustentado integralmente com
recursos nacionais.