Acordei hoje com vergonha, decepcionado, triste até.
Passei todo este tempo sem me pronunciar nas redes sociais por entender que meu
espaço de discussão de ideias é outro. Respeitando opiniões alheias, sem entrar em debate, seja
com parentes, amigos, irmãos de fé, alunos e colegas de trabalho. Respeitando e
esperando ser respeitado. O debate das redes sociais não há “olho no olho”, e
há muita agressão gratuita.
Mas como sempre usei meu Blog para expressar minhas
ideias e sentimentos, mas uma vez me pronunciarei por aqui. Correndo o risco de
perder seguidores. Pois amigos respeitam amigos.
Comecei este texto falando de vergonha, decepção
e tristeza.
Sou de uma terra que em seu hino, que cantei com muito
orgulho no passado diz: “Nova Roma de bravos guerreiros. Pernambuco imortal!
Imortal!”. Sempre pensei nos novos guerreiros: Miguel Arraes, Wilson Porto,
Mario Wilson, Marcos Freire, Giovanni Porto, Paulo Freire, Edna Porto, Iracema
Alves... Heróis pernambucanos na minha pequena visão de criança e adolescente.
Mas senti vergonha de ver meu Estado natal não ter mais “bravos
guerreiros”, e sim “grandes traidores”.
Uma “velha Roma de grandes traidores” seria mais legitima a letra de nosso hino
hoje. Meus heróis, os que já se foram, me orgulham, e os que estão me inspiram.
Mas os deputados pernambucanos me envergonham.
Na Bahia, que me deu “régua e compasso”, a sua maioria
honrou seu hino: “Nunca mais, nunca mais o
despotismo; Regerá, regerá nossas ações. Com tiranos não combinam
brasileiros, brasileiros corações”. Sim, vi coragem vencer o medo nos
deputados bahianos (com h mesmo).
Mas fiquei também decepcionado com
aqueles que se autodeclaram: evangélicos. Declaro aqui: NÃO SOU EVANGÉLICO! Não
este padrão de evangélico que se alia a elite brasileira. Não evangélico que se
alia a tortura e exploração do trabalho infantil, não sou evangélico que não
respeita o direito das mulheres e que não respeita as diferenças. Por isso
sempre respondi que sou protestante reformado (isso é assunto para outro post).
Triste com as pessoas que estão felizes
com a situação que vivemos. Triste porque tem evangélico orando pela restauração
da elite no poder, e pedindo a Deus para tirar quem legitimamente chegou lá. Meu
voto foi legítimo. Triste por orações que pedem o caos. Triste por ver um país
dividido.
Não sou profeta, nem filho de profeta.
Sou um professor que sonha com um país justo. Que começou a ver esta justiça
acontecer no processo de democratização da educação. Na contramão de muitos
colegas que reclamavam do nível dos alunos; eu mesmo sempre coloquei a dificuldade que
muitos têm. Mas acredito em superações. O desenvolvimento e valorização do
outro só é possível quando se dá oportunidade. Políticas sociais em educação
geraram oportunidades. Sinto que isso pode acabar. Visualizo um ensino superior
público com vagas restritas. Onde o engodo da meritocracia será à base de
discursos e políticas. E um ensino privado mais mercadológico do que já é. Mas profetizo, afirmando que a luta por um país justo, fraterno, menos desigual continua.
Acordei mais triste! Mas sempre com esperança!
Por isso continuo sonhador, continuarei
no meu espaço de reflexão sonhando. Sendo utópico (“Só os utópicos podem ser profetas”, dizia
Paulo Freire.), e acreditando que podemos ser mais justos, não desistirei de lutar por liberdade e igualdade, contra a desigualdade imposta pelas elites.
Aos que se decepcionaram comigo, quero
dizer que decepção não significa desistência.
Talvez resistência. Continuarei resistindo.
Continuo sonhando, pelo menos isso por
enquanto, não pode ser usurpado.
@Zerominho
3 comentários:
Orgulhosa demais em um dia ter sido sua aluna,também continuo sonhando. Beijos professor.
Orgulhosa demais em um dia ter sido sua aluna,também continuo sonhando. Beijos professor.
Professor, tinha absoluta certeza que encontraria um blog com reflexões e ideias bastante lúcidas. É um prazer ser seu aluno.
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