terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um pai saudoso e reflexivo

Uma das experiências mais marcantes da existência humana é ver o
nascimento de um filho. No meu caso, uma filha. Lembro-me da véspera e
do momento de nascimento de minha filha Daniela.

Morávamos e uma cidade que não tinha uma grande estrutura. Para se ter
uma ideia não foi feito ultrassonografia, porque na cidade não havia
aparelho. A clínica era a casa do médico. Na noite anterior as dores
começaram a chegar. Após ligar para a casa do médico, como não tinha
carro, saí andando pela cidade até achar um carro na rodoviária, uns
20 minutos andando até lá.

Aí acontece o inesperado.  O médico, ou melhor, a esposa dele pois o
mesmo nem falou comigo, mandou eu me dirigir a clínica (leia-se a casa
dele). Ao chegar encontro à esposa do médico de roupão na porta da
clínica, com a chave do carro dela, pedindo para eu ir buscar a
enfermeira, pois o pediatra já estava a caminho. Saio eu com o carro
da esposa do médico para ir buscar sua auxiliar. Cômico hoje,
desesperador no dia.

Ao chegar, o parto já estava se iniciando. Depois de um período que
parecia uma eternidade para mim, nasceu uma menina. Surpresa, pois não
sabíamos o sexo. A beleza da vida se manifesta sem percebermos. As
condições não permitiriam um parto que não fosse normal. Deus na sua
soberania permitiu que tudo ocorresse sem complicações. Deus age sem
percebermos.
Nasceu uma menina: doce, esperta, que desde cedo se mostrou meiga,
cuidadosa, sempre disposta a ajudar o outro. A chamamos de Daniela. A
versão feminina de Daniel, que tem como significado: "Deus é meu juiz"
ou "é o Senhor quem me julga". Do hebraico danyyel, formado pela
junção dos elementos dan, que significa literalmente “aquele que
julga" ou "juiz” e El quer dizer “Senhor" ou "Deus”.

Já faz algum tempo que este episódio aconteceu, mas a doçura daquele
bebê se multiplicou. O sorriso daquela menininha que vivia toda
enroladinha nos cueiros e mantas, devido ao frio da cidade, continua a
contagiar. Quem dela se aproxima, percebe seu carinho, sua vontade de
ajudar, seu jeito meigo de ser.

Minha menina, meu Bebê hoje é uma mulher. Que tem responsabilidades,
sonhos, projetos. Não posso mais protegê-la com cueiros e mantas; não
posso mais carregá-la no colo, nem trocar suas fraudas como muitas
vezes fiz. Mas continuo a orar pela sua vida. Continuo a pedir ao Deus
Juiz, que a proteja, cuide e permita que a felicidade se concretize em
sua vida.

Muitos caminhos já foram cruzados nestes anos, muitos encontros e
desencontros. Até a sua adolescência, estávamos juntos sempre. Hoje
nosso tempo juntos é reduzido. Sinto falta. Mas a vida é assim. Filhos
são flechas que lançamos na vida em busca do alvo. Não para atingir
pessoas ou coisas, mas para voarem sozinhos e construírem suas vidas.

Como flecheiros que somos, ficamos observando. No meu e de muitos pais
e mães: orando, na esperança que alcancem o alvo: a felicidade em
Jesus!

Filhos, filhos: que alegria tê-los; que preocupação criá-los; que
satisfação vê-los; que realização vê-los ao servindo ao Senhor.

Hoje estou um pai saudoso e reflexivo.

@ZeRominho

Um comentário:

Anônimo disse...

FILHO é realmente assim que me sinto, flechas lançadas ,somos conscientes do nosso papel no mundo, mas saudade faz parte, lembranças também , desejo de apertar nos braços , embalar , cuidar , não sair de perto, mas a flecha atirada é necessária sabemos! Nós assim fizemos! Temos o direito de sentir saudades e pensar nos filhos, o futuro, o bem estar, a felicidade! Beijos filho querido que voou tão cedo, amo vc! EDNA PORTO