segunda-feira, 7 de março de 2016

08 de Março - que tal pensar um pouco?

Faz algumas semanas que não escrevo aqui no Blog. As atividades regulares não tem permitido produzir algo que é fruto do ócio. Mas não podia deixar de escrever sobre o dia 08 de março. Já escrevi algo alguns anos atrás. Está aí nos arquivos do Blog. Ali fiz um histórico, apontei lutas, deixei muito claro de que lado milito nesta discussão.

Hoje quero pensar não diferente daquele post, mas numa outra linha de raciocínio. Quando se estabelece um dia de alguma coisa, é como dia de luta; um dia para lembrar a necessidade que ainda se tem de pensar de forma reflexiva sobre tal assunto. Já afirmei isso outras vezes. Por isso o dia 08 de março não é dia de flores, nem de jantares, não é o dia do romantismo: É dia de reflexão!

Há dez anos se instituía a Lei Maria da Penha - LMP (agosto de 2016), fruto de luta e sofrimento de muitas mulheres. Foi preciso que o Brasil fosse condenado numa corte internacional para que uma lei fosse promulgada. A vitória de uma Lei como esta deve sim ser celebrado. A vitória de uma Lei que coíbe ações de violência contra a mulher.
(veja aqui: http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/especiais/2013/07/04/brasil-so-criou-lei-maria-da-penha-apos-sofrer-constrangimento-internacional). 

O dia 08 de março é para que nós opressores - e aqui me coloco enquanto homem de uma sociedade patriarcal e opressora, mesmo que minhas ações individuais sejam opostas a opressão masculina – venhamos perceber que ainda somos violentos em nossa relação com o outro sexo; e que as mulheres são minoria, pois sua voz não é ouvida nem ecoa como a dos homens.

Infelizmente há casos de violência física ainda presente. Hoje já combatida pela LMP. Há também a violência verbal (palavrões, xingamentos, cantadas); há uma violência simbólica, onde a hegemonia masculina impõe uma cultura de dominação sobre a mulher. É a ação violenta praticada através de proibições de certo tipo de roupas, a proibição para ir a certos lugares, proibição de trabalhos a realizar, o controle financeiro, o controle do tempo, o controle sexual. Violência travestida de “cuidado”. Para estas violências penso que a LMP não se aplica. É uma pena!

Este dia é para que nós (lado opressor da história) reflitamos práticas, questionemos comportamentos, conscientizemos que é necessário mudança. É o dia para nos somarmos as milhões de vozes que não são ouvidas, pois seu som está sufocado pelo opressor.

Me lembro de Jesus. Ele que deu voz ao oprimido e colocou a mulher no lugar que lhe é devido: ao seu lado, no Reino de Deus. E a ela deu a voz que nós homens não damos. No episódio conhecido da Mulher Samaritana (João 4), ele se revela como o Messias. Não foi a homens, muito menos fariseus. Mas uma mulher e samaritana. É ela que vai anunciar que conheceu quem veio redimir o povo. Para variar não deram “ouvidos” aquela mulher. Mas foi dela que saiu a mensagem, sua voz ganhou o mundo.

Da mesma forma, na ressurreição, o Senhor aparece a mulheres. São elas as primeiras a ver o Cristo Ressurreto. Elas anunciam. Mais uma vez não acreditam. É preciso o testemunho de homens. Mas o relato delas chegou até nós.

O Senhor Jesus mostrou que não há diferença entre homens e mulheres. São todos alvos de sua graça, de seu amor e perdão. E todos chamados a missão de anunciar seu propósito para a humanidade.

Quando chamo à reflexão, estou chamando inclusive a ver como Jesus agiu. Refletir sua prática. E nesta prática não há espaço para violência simbólica, muito menos física ou verbal. Jesus não violentou, nem reproduziu a opressão masculina. Ele se coloca no lugar do oprimido. Isso é cristianismo.

Dia Internacional da Mulher é para dar esta voz. Posso até dar uma flor, não como ação romântica, mas como um símbolo de vida, de beleza da vida; de uma vida que merece ser vivida dignamente; sem violência, sem medo, sem opressão.

Ainda precisamos deste dia. Ainda precisamos lembrar destas coisas. Como Jesus, fico com os sem voz, com os oprimidos, com aquelas que sofrem diariamente violências das mais variadas formas. Delas são o Reino. Elas precisam ser ouvidas, não como reprodutoras de um discurso opressor, mas como produtoras de práticas de liberdade.

Acabou meu tempo de ócio.

Abraços


Zé Rominho

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

MAIS QUE MINHA NAMORADA, MINHA AMADA PARA VALER!


Tem um livro que li faz alguns anos, de um pastor amigo que tem por título Parceria Conjugal. É um texto que reflete o sentimento que me passa agora em minha mente. Hoje faço 20 anos de casado com a mulher que Deus escolheu para mim, e que me escolheu para ela.

Interessante que quando penso nos 20 anos, parece que foi ontem e ao mesmo tempo parece que nunca estivemos separados. Nossa história se misturou de tal forma, que o texto bíblico de Genesis 2,24 - quando diz que os dois se fizeram uma só carne, é uma realidade em nossas vidas. Uma só carne, da mesma essência, que vêm do mesmo lugar, mas sem perder a identidade e a individualidade. É de fato um mistério.

Uma história que podia ter acontecido antes, no tempo que eu fazia o percurso Recife-Salvador-Irecê. Mas nunca nos encontramos. Ou podia ter sido em algum encontro de Mocidade, ou Presbitério. Mas não, Deus programou o tempo certo, depois de vivermos as experiências que ele permitiu que vivenciássemos. No tempo de Deus as coisas aconteceram.



Como diz a música que Luciano cantou no dia do nosso casamento, e foi repedida por ele e Lídia quando celebramos 10 anos: Em teu tempo; Em teu tempo; Tudo lindo Tu fazes; Em teu tempo. Senhor me mostra cada dia; Enquanto o Senhor me guia; Que Tu cumpres a Palavra; Em teu tempo. Tudo lindo; Tu fazes; Em teu tempo; Que a vida que eu entrego; E as canções que eu canto, Sejam lindas ao Senhor. Em Teu tempo.



Não me arrependo das coisas que vivi antes, nem das experiências anteriores, louvo a Deus por elas, pois foi a partir de cada momento vivenciado que fui sentindo a necessidade de viver um relacionamento sólido, onde eu pudesse cuidar e ser cuidado; onde a relação fosse pautada na confiança mútua e na liberdade individual; e acima de tudo onde o Senhor Eterno fosse o centro da relação. Aí incluía ministério, vida profissional, filhos, famílias, etc.

Deus proporcionou a mim e a Jailza, a minha Tula, momentos muito agradáveis antes de nos conhecermos. Mas a felicidade, e aqui vai minha pretensão, só encontramos para valer depois que Deus nos uniu.

Há vinte anos, assumíamos diante de Deus, de amigos, da família, da igreja compromissos que sempre estiveram em nossos corações. Naquele dia, pude dizer a Tula: “Voce quer ser minha namorada, mais que minha namorada, minha amada para valer; pelo amor predestinada”. Naquele dia ela aceitou um pedido que eu havia feito alguns meses antes: Deixe eu amar você! – Ela aceitou!

Naquela noite, há vinte anos ela assumia o compromisso de me amar, e de que juntos criaríamos nossos filhos, e que independente das possibilidades que aparecessem diante de nós, ela me amaria. Eu acreditei em suas palavras, no seu olhar, no seu amor. E hoje vivemos intensamente este amor.

Então juntos começamos a construir um caminho onde duas coisas eram fundamentais: a felicidade e a liberdade. Descobrimos que só poderíamos alcançar estes dois objetivos se estivéssemos juntos, casados, ligados pelo matrimônio. Casamo-nos, cuidamos um do outro, cuidamos de nossos filhos, nasceu Lídia; virá os netos e netas.

Final feliz? Não. Em construção da felicidade. Se nos perguntarem hoje se somos felizes, a resposta é: sim, mas seremos mais ainda. Acreditamos em nossa relação, em nossa família, em nossos filhos.  Acreditamos no MATRIMÔNIO.

Acredito na união de um homem e uma mulher, que diante de Deus se comprometem a serem felizes e se cuidarem mutuamente.

Tula, eu te amo. Obrigado por ser “minha namorada, mas que minha namorada, minha amada para valer, pelo amor predestinada”. Obrigado por estes 20 anos, e pelos outros 20, 40, 50 e quantos Deus permitir que vivamos.

Obrigado Senhor, pela mulher que escolheste para mim, e porque me escolheste para ela.


@ZeRominho

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um pai saudoso e reflexivo

Uma das experiências mais marcantes da existência humana é ver o
nascimento de um filho. No meu caso, uma filha. Lembro-me da véspera e
do momento de nascimento de minha filha Daniela.

Morávamos e uma cidade que não tinha uma grande estrutura. Para se ter
uma ideia não foi feito ultrassonografia, porque na cidade não havia
aparelho. A clínica era a casa do médico. Na noite anterior as dores
começaram a chegar. Após ligar para a casa do médico, como não tinha
carro, saí andando pela cidade até achar um carro na rodoviária, uns
20 minutos andando até lá.

Aí acontece o inesperado.  O médico, ou melhor, a esposa dele pois o
mesmo nem falou comigo, mandou eu me dirigir a clínica (leia-se a casa
dele). Ao chegar encontro à esposa do médico de roupão na porta da
clínica, com a chave do carro dela, pedindo para eu ir buscar a
enfermeira, pois o pediatra já estava a caminho. Saio eu com o carro
da esposa do médico para ir buscar sua auxiliar. Cômico hoje,
desesperador no dia.

Ao chegar, o parto já estava se iniciando. Depois de um período que
parecia uma eternidade para mim, nasceu uma menina. Surpresa, pois não
sabíamos o sexo. A beleza da vida se manifesta sem percebermos. As
condições não permitiriam um parto que não fosse normal. Deus na sua
soberania permitiu que tudo ocorresse sem complicações. Deus age sem
percebermos.
Nasceu uma menina: doce, esperta, que desde cedo se mostrou meiga,
cuidadosa, sempre disposta a ajudar o outro. A chamamos de Daniela. A
versão feminina de Daniel, que tem como significado: "Deus é meu juiz"
ou "é o Senhor quem me julga". Do hebraico danyyel, formado pela
junção dos elementos dan, que significa literalmente “aquele que
julga" ou "juiz” e El quer dizer “Senhor" ou "Deus”.

Já faz algum tempo que este episódio aconteceu, mas a doçura daquele
bebê se multiplicou. O sorriso daquela menininha que vivia toda
enroladinha nos cueiros e mantas, devido ao frio da cidade, continua a
contagiar. Quem dela se aproxima, percebe seu carinho, sua vontade de
ajudar, seu jeito meigo de ser.

Minha menina, meu Bebê hoje é uma mulher. Que tem responsabilidades,
sonhos, projetos. Não posso mais protegê-la com cueiros e mantas; não
posso mais carregá-la no colo, nem trocar suas fraudas como muitas
vezes fiz. Mas continuo a orar pela sua vida. Continuo a pedir ao Deus
Juiz, que a proteja, cuide e permita que a felicidade se concretize em
sua vida.

Muitos caminhos já foram cruzados nestes anos, muitos encontros e
desencontros. Até a sua adolescência, estávamos juntos sempre. Hoje
nosso tempo juntos é reduzido. Sinto falta. Mas a vida é assim. Filhos
são flechas que lançamos na vida em busca do alvo. Não para atingir
pessoas ou coisas, mas para voarem sozinhos e construírem suas vidas.

Como flecheiros que somos, ficamos observando. No meu e de muitos pais
e mães: orando, na esperança que alcancem o alvo: a felicidade em
Jesus!

Filhos, filhos: que alegria tê-los; que preocupação criá-los; que
satisfação vê-los; que realização vê-los ao servindo ao Senhor.

Hoje estou um pai saudoso e reflexivo.

@ZeRominho

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O tempo está passando! Tic-Tac, Tic-Tac ...

O ano está chegando ao fim. Lembrei de minha Avó Iracema. Dizia ela que quando entra o embro-bro o ano chegou ao fim. É setembro, outubro, novembro e dezembro. O último quadrimestre do ano. Mas qual o significado disso? Tudo não é  a mesma coisa?

Sim, do ponto de vista temporal, dos dias, semanas e meses não tem diferença entre outubro, janeiro ou maio. Mas da perspectiva produtiva da qual nós somos submetidos há muita diferença. Somos medidos pelo que produzimos em determinado tempo, em um período definido. Em nosso contexto, o início é o janeiro e dezembro o final. Em 12 meses precisamos dar resultados.

Quanto poupou durante o ano? Quais bens consumiu? Para onde viajou? Fez o quê? Se é na universidade: quantos artigos? Congressos? Se é na vida religiosa: quantas almas? E por aí vai.

Lembro de uma época que em reuniões eclesiásticas (sou presbiteriano e nos reunimos pelo menos uma vez por ano em Presbitério para avaliar as atividades passadas e planejar o ano que se inicia) os relatórios pastorais eram cheios de dados quantitativos. Quanto mais visitas, casamentos e batismos realizados, mais sucesso se tinha. Tudo se resumia em duas palavras: números e cobrança.

E é isso que todos os dias fazem conosco: cobram. E o que é pior, nós passamos a cobrar de nós mesmos. E ao chegar o fim de mais um período produtivo, começam a chegar os instrumentos de avaliação. Esta semana já preenchi um questionário de uma das minhas atividades. O que você fez durante o ano? Parece pergunta de filme de terror trash (o que vocês fizeram no verão passado?).

Mas é neste contexto que vivemos. Contexto de produtividade. O pensar, o contemplar, o sentir, o apenas estar junto não tem mais importância. O que vale é o número, e o que vem atrelado a ele. Seja de artigos, ou orientandos, ou visitas ou almas. Número, produtividade. Não há interesse em saber quem conversou com você, ou o que você fez quando alguém chorou ou sorriu. Se você ficou conversando com um aluno que está vivendo um conflito em relação a profissão, ou se aquele crente da igreja não sabe se muda de emprego ou não.

Estas coisas não são mensuráveis, não fazem sentido.

O ano está acabando, e eu estou aqui, Em vez de fazer algo produtivo, mensurável, estou escrevendo coisas de quem não tem o que fazer. Afinal de contas, isso não vai gerar nenhum lucro. É verdade! Deixa eu voltar para a realidade. Outubro já está no fim, e faltam cerca de 70 dias para acabar o ano. E o pior não escrevi nenhum artigo, não fui  a nenhum congresso, e só batizei 2 pessoas este ano. Acho que não vou ganhar presente de Natal. Não fui um bem menino.

Mas a vida segue!

Zé Rominho

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mais um dia do Professor



Acordei hoje lembrando que há trinta anos minha carteira profissional foi assinada como Professor. Foi no Instituto 12 de Agosto, na cidade de Irecê – BA. Me senti orgulhoso, saudoso e velho!

Já se vão 30 anos de exercício de uma profissão. Não enriqueci, não mudei o mundo (eu pensava que poderia fazê-lo), e não consegui ver o cenário mudar. Meio decepcionante. Acordei cercado de provas para corrigi, com algumas mensagens, de colegas desejando um feliz dia do professor. Acordei para ir executar mais um dia de tarefas.

De uma turma de 66 pessoas (só pela manhã), dia de entregar avaliações e notas, uma estudante, já na porta voltou e disse: feliz dia do professor! Até que enfim salvou-se uma alma. Os demais... É só mais um dia. Inclusive não muito feliz para alguns que receberam suas notas.

Não sei porque ainda me surpreendo. Afinal são 30 anos. As coisas não mudaram tanto assim. Surgiram novas tecnologias (vê meu post de 2011), aumentou as nossas atividades (portal do professor, caderneta eletrônica, gravar vídeo, etc), os estudantes de hoje são semelhantes aos do passado: práticos. Isto é, qual foi minha nota? Falta quanto para passar?

Construção do conhecimento? Descobrir coisas novas? Pesquisa? Aprofundar discussões? Faz tempo que não me iludo mais. Prefiro a surpresa de quando alguém chega e diz que quer fazer, ou produz um texto cativante, ou ainda reconhece que não foi legal e que pode melhorar. Aí meu sorriso abre e vejo que nem tudo está perdido.

Mais deixa para lá. Já sonhei bastante por hoje, e também já me lamentei. Tenho mais 130 atividades para corrigir, quatro turmas para lançar no portal, palestra para acompanhar os estudantes, aula para preparar, 50 projetos de pesquisa de graduação para dar parecer, ufa! Isso até segunda-feira. Depois tem mais. Quem mandou estudar?

Com tudo isso, sou feliz por poder compartilhar com outras pessoas experiências, e juntamente com essas pessoas descobrir coisas novas.
A tod@s: Feliz mais um dia do Professor!


Zé Rominho

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Pulos de Alegria

Cheguei em casa ontem e não vi pulos, nem ouvi latidos, muito menos corre-corre. Na hora do almoço não vi aquele olhar pidão, nem pulos atrás de mim ao tirar os pratos da mesa. Ao acordar hoje, não fui saudado À beira da cama, nem patinhas me arranharam. E mais tarde, ao chegar em casa e entrar com o carro na garagem não vai haver mais aquela cadelinha pulando dentro do carro.

Quando fazia algo que nos desagradava e brigávamos com ela, se escondia e aos poucos ia se aproximando, como que pedindo desculpas. Uma graça. Uma alegria. É esta a imagem que guardamos.

É Bibi se foi...Uma parceira. Uma misto de cadela e canguru, com pulos bem altos. Viajada: Aracaju, João Pessoa, Natal. Viajava quietinha. Nem parecia a desesperada de quando chegávamos em casa. Como dizíamos,  era meio suicida. Mordeu um anzol quando tinha meses, fugiu de um pet shop e ficou três dias desaparecida em Aracaju, pulou do telhado em Salvador. Mas não sobreviveu a última travessura.

Vamos sentir falta dela. Mas Deus nos ensinou algumas coisas através da presença de Bibi conosco:


  • Perdão - É.. Se brigávamos, ou não estávamos a fim de brincar com ela, ela saía de perto e logo voltava com um brinquedo, lambia, pulava. Mesmo sem motivo e mandávamos ela sair, ela sempre voltava para estar ao nosso lado;
  • Igualdade - Bibi brincava com todo mundo. Adulto, criança, homem, mulher, rico, pobre. Até de quem não era muito chegado a cachorro, ela queria brincar. Chegava alguém, ela logo ia buscar seu brinquedinho. Para ela o importante era estar junto, brincar. Sem ato discriminatório algum.
  • Pedir Ajuda - Dias de trovão, ou com muitos fogos, ela tinha medo, se assustava, então pulava nos braços, ou ficava quietinha aos nossos pés. Reconhecendo que precisava de ajuda e proteção.


Sei que muitos não entendem os sentimentos de perder um animal de estimação, até criticam os sentimentos. Mas estas criaturas são instrumentos usados pelo Pai para de alguma forma nos ensinar algo.

Sou grato ao Pai por nos permitir aprender também através de sua Criação. Foi bom ter Bibi conosco estes 5 anos.

@ZeRominho

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Este é um post antigo, que reedito neste Natal.

“Porque um menino nos nasceu, [...] Principe da Paz” Isaías 9,6
Acredito que todos conheçam esta promessa presente no livro do Profeta Isaías, e que aponta para o nascimento de Deus-menino: Jesus. A promessa tem muitos significados, muitas linhas de interpretação. Mas como não sou exegeta, nem biblista, gostaria de pensar com vocês apenas em dois aspectos da promessa: 1) o nascimento do menino e 2) a paz. Duas coisas que estão presente no nosso dia-a-dia. Duas realidades que vivemos a cada instante. Meninos e meninas que nascem e morrem diante de nossos olhos e a ausência de paz que se propaga velozmente ao nosso redor.
Crianças são espancadas, violentadas, exploradas, comercializadas diariamente. Todos os dias há uma notícia de descaso com meninas e meninos. E nem nos lembramos delas. Ver crianças sendo exploradas ou deixadas ao léu parece que tornou-se algo normal, parece que nos acostumamos com estas cenas, já passamos por estas crianças e desenvolvemos a capacidade de não enxergá-las. A capacidade não de ser invisível, mas de tornar às coisas que não nos dizem respeito invisíveis. E estas meninas e meninos não fazem parte de nosso universo, daí não a enxergarmos. Só quando de alguma forma somos ameaçados por eles, quando se sai da “paz”, é que reconhecemos a existência destes pequeninos.
Mas o Menino-Deus disse certa vez que o Reino de Deus é destes pequeninos, e mais que quem não se tornar como um deles não pode ver este Reino. Que maravilha, precisamos nos tornar como crianças: inocentes, crédulas, amigas, inquietas, espontâneas, verdadeiras. Jesus nasceu e viveu como criança, para nos mostrar a beleza e a pureza do Reino de Deus.
A criança nos traz a memória a alegria, a pureza, a simplicidade, a inocência. A criança renova nos homens e mulheres a esperança, as forças para que mundo se torne melhor. A criança aproxima famílias que vivem em desarmonia, reacende amizades, reanima corações solitários.
Natal é a celebração do nascimento de uma criança. Deus se fez criança, para nos mostrar o que ele espera de nós. Natal é mais que celebração, é momento de assumir compromisso. É hora de refazer à aliança com o Senhor Eterno. Aliança que inclui essas crianças que deixamos a mercê da sorte. Penso que neste Natal precisamos, não distribuir panetones nas ruas ou arrecadar presentes e distribuir numa favela (ou comunidade que é mais chiq). Necessitamos de ações que dêem as crianças ESPERANÇA, a mesma que encontramos no Senhor Jesus. Necessitamos de Igrejas, Cristãos. Líderes religiosos menos demagogos, e com mais ação. Precisamos de menos pirotecnia eclesial, estatal, comercial. E necessitamos de que o Menino-Deus torne-se verdadeiramente o Príncipe da Paz.
Por isso, penso paz não como a ausência de guerra, ou a presença maciça de militares nos morros do Rio de janeiro. Paz real acontece quando o Deus-Menino nasce, brota na vida dos homens e mulheres. Na noite de seu nascimento, lá em Belém da Judéia, se ouviu um coral de anjos anunciando e cantando: “na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor [...] Glória a Deus nas alturas, Paz na terra [...]” (Lucas 2, 11-14).
Por isso Natal é Paz. Mas como o Natal deve ser diário, esta paz não se resume apenas em alguns instantes. Ela é eterna.
Que este Natal seja diferente. Que ele marque o seu compromisso com o Senhor Eterno. Que aconteça Natal na sua vida! Feliz Natal!
@zerominho

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Dia do Pastor Presbiteriano Independente

Aos meus amigos pastores e pastoras:
Hoje a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil celebra o Dia do Pastor e do Missionário, em homenagem a ordenação do Rev. Eduardo Carlos Pereira. Abaixo parte de um pequeno texto que em breve apresentarei em um Simpósio. Só para lembrar quem foi nosso homenageado. Mesmo discordando dele em algumas posições, entendo que sua vida é inspiradora para nós pastores hoje.

Em tempo de Mega Pastores, Apóstolos, Bispos, em tempos que nossas igrejas nos cobram produtividade, crescimento, cultos animados, etc. Lembro do nosso homenageado de hoje: Sua preocupação: o povo brasileiro. Seu objetivo: Evangelizar. Sua vida: compromisso com o Evangelho.

Parabéns aos meus amigos pastores. Da IPIB e de outras igrejas irmãs. Como dizia um professor meu no Seminário em Recife (SPN): “Não é fácil a nossa vocação, mas eterno o nosso galardão...”

Que o dia de hoje seja de celebrações, descanso, reflexão e de renovação de votos com o Senhor Eterno, com seu Reino, com o chamado para a obra e com a IPIB.

Abraços a todos e todas.

Rev. Ze Rominho
@zerominho

Mineiro de nascença, Eduardo Carlos Pereira (1855-1923), foi professor desde muito cedo. Entrou para a Igreja Presbiteriana em 1875, sendo ordenado ministro presbiteriano em 1881, com vinte e seis anos de idade. Desde cedo no seu ministério, Eduardo Carlos Pereira mostrou-se preocupado com a evangelização das terras brasileiras. Cada vez mais alcançando espaço nas reuniões conciliares, demonstra o interesse pela pregação do Evangelho, passando a questionar a liderança norte-americana no que se referia ao redirecionamento de verbas para a educação secular, e não no investimento na formação de pastores brasileiros.
Eduardo Carlos Pereira buscava em seus sermões e textos publicados a conversão de católicos à fé protestante. Fundou em 1883, a Sociedade Brasileira de Tratados Evangélicos “com o objetivo de produzir literatura evangélica em linguagem bem trabalhada e acessível ao povo dentro do contexto nacional” (MENDONÇA, 1995, p. 87).
Com a visão de uma autonomia para a Igreja Presbiteriana brasileira, Pereira concebe o que foi chamado de Plano de Missões Nacionais, que tinha como objetivo acelerar o processo de independência financeira para sustentar pastores, missionários e professores brasileiros. Em 1893, juntamente com outros pastores presbiterianos nacionais, funda o jornal O Estandarte (ainda em circulação). Para divulgar suas ideias, lança em 1887 a Revista de Missões Nacionais.
Duas grandes lutas foram travadas por Eduardo Carlos Pereira. Uma com os missionários americanos, no que diz respeito à necessidade de se evangelizar o Brasil, e que todos os esforços da igreja deviam ser direcionados para esta ação. E outra foi com a Igreja Católica, onde Pereira saiu em defesa do protestantismo refutando ideias que surgiram tentando desestabilizar a igreja protestante que se consolidava no Brasil. Pereira escreve nas páginas de O Estandarte duas séries de artigos mostrando que havia uma superioridade civilizatória protestante em relação aos povos colonizados por católicos romanos, no que se refere principalmente ao progresso material e moral do povo. (MENDONÇA, 1995).
Eduardo Carlos Pereira entendia que a América Latina continuava pagã, para ele a mensagem católica romana havia distorcido a verdadeira mensagem do Evangelho. O fato de ter sido colonizada por países cristãos, não fazia dela um continente cristão. Esta perspectiva de Pereira fez dele um líder a ser ouvido e respeitado pelos pastores brasileiros. Sua liderança levou a desenvolver ideais nacionalistas, que culminou no surgimento da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) em 1903.
Depois de pastorear igrejas em Minas Gerais, a Igreja Presbiteriana de São Paulo o elegeu em 1888 como seu pastor e passou a mantê-lo com recursos próprios. É o primeiro pastor brasileiro eleito e sustentado integralmente com recursos nacionais.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

DIA DOS AVÓS





Engraçado, quando eu era criança não se comemorava este dia. E eu tinha todos os motivos para comemorar. Conheci e convivi com os meus 4 avós. Cada um do seu jeito.
Lembro-me de minha Avó Paterna, D. Maria, para mim Vó Maria. Uma mulher de bom humor, sempre com um sorriso no rosto e pronta para dar um jeitinho nos filhos e netos que estavam ao seu lado. Já meu Avô Paterno, Vô Mário, este era sério! Passava respeito! Sisudo! Agora quando nasceu Érika, minha irmã, ia todo dia levar uma fruta e visitar a princesa (era assim que a chamava). No fundo eu sentia ciúmes, mas hoje vejo o carinho que ele tinha por aquela menina.
E meu Avô Materno, o Major Wilson. Vovô Wilson! Este eu via mais doçura, menos “sisudez”. Sempre que ia nos visitar, preparávamos para recebê-lo. Frutas (o melão não podia faltar), biscoito salgado, leite. Meu Avô era diabético. Lembro do seu sorriso. Como era criança, não pude desfrutar de sua sabedoria.
E minha Vó Cema. Vovó Iracema! Esta foi com quem mais convivi. Na verdade, ela nos criou. Mãe e Pai trabalhando e Vó conosco, cuidando, beijando, nos alimentando de carinho e sabedoria. Se apanhei de um dos meus avós, foi dela que levei umas palmadas. Doce, séria, alegre, pensativa. Não dormia sem pensar em todos os seus. Dizia que irradiava pensamentos. Sei que o tempo que passei longe dela, seus pensamentos foram até onde eu estava.
Eu tinha tanto para comemorar este dia! Mas não existia, ou não era comercial. Sei lá!
Não sou avô ainda. Tudo tem seu tempo. E espero que meus filhos cumpram o tempo de Deus. Mas quero ser avô como foram os meus: dedicados.
Hoje meus filhos podem aproveitar a presença dos seus avós. Como eu, eles também têm o privilégio de conviver com eles. Uns estão mais distantes, outros bem perto.
Vejo como meu Pai hoje quer agradar minha filha. E ainda se chateia porque acredita que ela não está gostando das coisas que ele faz para ela (bolo, fatia, doce, pudim...). Vejo minha Mãe acordando cedo para cuidar de meu sobrinho, se preocupando com ele, fazendo tudo que minha vó fez conosco, cuidando, amando.
Olho para minha sogra, e percebo sua alegria com a casa cheia de netos, e com o sorriso no rosto porque elogiaram seu cozido ou o lombo. Meu sogro feliz quando sai para ir comprar pão para os netos.
Meu irmão, que já é avô, literalmente baba diante de seus netos! Acredito que esta experiência é inexplicável.
Neste dia, quero agradecer pelos avós que tive. Quero louvar a Deus por estes que são avós hoje. Que o Pai Eterno abençoe a cada dia vocês, vovôs e vovós. Pois a presença de vocês na vida de nossos filhos é muito preciosa. Nós pais precisamos de vocês.
Que Deus os abençoe!


@zerominho

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia "da mulher" ou Dia de Luta pelos direitos da mulher?

Pensei em escrever algo sobre o Dia Internacional da Mulher motivado por algumas questões. Primeiro, porque um dos focos do meu trabalho no doutorado têm sido as relações de gênero, e estudo mulheres no pentecostalismo. Depois porque as chamadas comemorações do dia da mulher têm incomodado, a mim e a muita gente.


Curioso como sempre fui, dizem que uma característica do pesquisador é a curiosidade (então desde criança tento ser pesquisador), procurei entender o que significava o dia 8 de março, e porque um dia específico “dedicado” as mulheres.

Interessante que o “Dia da Mulher” começa como momento de luta. Ainda no século XVIII onde Olympe de Gouges, em 1791, lança a "Declaração dos Direitos da Cidadã", onde reivindicava o "direito feminino a todas as dignidades, lugares e empregos públicos segundo suas capacidades". Afirmava também que "se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve poder subir também à tribuna" (http://www.redemulher.org.br/8demarco.htm).

Já no século XIX, A Revolução Industrial levou a um aumento absurdo da jornada de trabalho e a luta pela redução desta jornada para 8 horas diárias passou a ser a grande bandeira de luta dos trabalhadores e trabalhadoras da indústria. Então em 1819, depois de um momento de enfrentamento e de violência policial, que chegou a usar canhões contra os trabalhadores e trabalhadoras, a Inglaterra chegou a aprovar uma lei que reduziria para 12 horas o trabalho das mulheres e dos menores entre 9 e 16 anos.

Mas a luta ainda não havia acabado só estava começando! Nos Estados Unidos, um grupo de tecelãs, na cidade de Nova Iorque, na busca de conquistas semelhantes a das companheiras inglesas, inicia uma série de manifestações pela redução da jornada de trabalho. São 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, elas cruzam os braços e param suas atividades pelo direito de trabalharem 10 horas diárias. É a primeira greve nos Estados Unidos que é conduzida unicamente por mulheres.

O resultado? Mulheres reprimidas com violência pela polícia, e para fugirem de tal ação descabida, se refugiam nas dependências da fábrica. Então no dia 8 de março de 1857, os empregadores e a polícia truculenta, fecham as portas da fábrica e ateiam fogo com as mulheres dentro. As tecelãs morrem asfixiadas e carbonizadas.

No Início do Século XX, uma ativista feminina (Clara Zetkin) propõe um dia para marcar mundialmente a luta pela conquista dos direitos da mulher, tendo como inspiração as tecelãs de Nova Iorque. É o início desta data que hoje “comemoramos”.

Mas relembro esta história para apenas trazer a tona o que motivou um dia internacional de luta pelo direito da mulher. Que foi transformado por uma sociedade consumista em DIA DA MULHER. Bem diferente a entonação: de Dia de LUTA, para o dia “da”.

Esta pequena mudança traz implicações ideológicas gravíssimas. Não se fala mais em luta, em conquistas, ou não se discute mais a exploração do trabalho feminino, ou a discriminação da mulher no mercado de trabalho, especialmente as profissões marcadas como “de mulher” (um erro histórico terrível). O Dia da Mulher é uma data comercial. Neste dia se entregam flores às mulheres (o mercado superfatura as rosas nesta semana), se sugere presentear às mulheres com joias, cestas de café da manhã e todos os tipos de bens de consumo. O dia de luta transformou-se em mais uma data comercial. É como o “dia da noiva”, uma data para comemorações não pelas conquistas sociais e luta por mais conquistas e direitos, mas um dia para se consumir. Lastimável!

“Parabéns Mulheres! Vocês estão ocupando os espaços antes exclusivos de homens, como os campos de futebol”. Esta foi uma das chamadas de uma rede de televisão nacional, para mostrar os “espaços” alcançados por mulheres. Por trás desta ocupação de espaço: mercado consumidor.

Confesso que esta abordagem deste dia me cansa, me desanima, me entristece. E tenho estes sentimentos, porque um grupo minoritário (homens), vem há séculos ditando o comportamento da maioria (isto é a falada ideologia), e consegue mudar o foco das lutas sociais.

É assim com o Dia de luta das mulheres, é assim com o direito à terra dos indígenas, com a Reforma Agrária, com a luta de quilombolas, com os trabalhadores, com grupos religiosos etc. Sempre transformando o que é motivo de reflexão e luta em algo banal. É o processo de banalização das lutas sociais. Ou quem sabe de idiotização do povo. Quanto mais idiota o povo, mais consumista, menos crítico, mais dócil, menos participativo.

Não sei sinceramente como me comportar neste dia. Se chego em um lugar com mulheres reunidas e não dou “feliz dia da Mulher”, sou chamado de insensível, de machista etc. Se me curvo a ideologia dominante masculina e dou parabéns, entrego flores, mando cartões virtuais com mensagens em Power Poit, estou indo de encontro a toda uma história de luta de milhões de mulheres que no silêncio de uma vida opressa, lutaram para que hoje pudéssemos refletir sobre isso.

Diante da minha incerteza, “Eu fico com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita! Viver e não ter a vergonha de ser feliz” (Gonzaguinha).

Abraços a todas e a todos vocês, mulheres homens que ainda acreditam que com a luta, a reflexão e a participação popular podem mudar atitudes, comportamentos, homens e mulheres.

Abaixo um vídeo que gostei muito e compartilho com vocês.

@Zerominho