domingo, 16 de outubro de 2011

DIA DO PROFESSOR 2011


Este ano demorei a postar algo sobre o dia do Professor. Não por descaso ou falta de fé na profissão. Mas porque estava trabalhando. Estava em sala de aula. Diferente do ano passado, quando neste Blog mesmo fiz umas considerações sobre este dia.
Pois bem! Mais um ano no exercício da docência. A cada ano que passa encontramos novidades na profissão. Há alguns anos reclamávamos porque faltava giz para escrevermos no quadro negro (que era verde), depois chegou o tão sonhado quadro branco. Ótimo, não mais nos sujaríamos de giz, não mais desenvolveríamos aquela crise alérgica.
Mas aí inventaram o tal do retroprojetor. Maravilha! Para quê escrever em cada aula. A mesma transparência vai servir de um ano para o outro. Viva a tecnologia! O problema era o chegar mais cedo na escola para reservar o equipamento antes do colega. Vi brigas homéricas pelo direito de usar o equipamento disponível.
Mas a tecnologia não pára no tempo, e aí vem o datashow. Excelente! Não é mais necessário guardar as transparências, e posso ainda corrigir o texto, atualizar, personalizar etc. Tudo em um pen drive. Os retroprojetores ficaram esquecidos. Não há mais briga por eles. A briga é pelo datashow. Sem ele alguns colegas não conseguem ministrar uma aula, pois todo o conteúdo este em power point.
Aí surge mais novidades. As redes Wi-Fi. Chamadas eletrônicas, aulas com acesso a internet em tempo real, vídeos do you-tube. Tecnologia e mais tecnologia. As escolas cada vez mais investindo nestas novidades, capacitando professores a escreverem blogs, usarem o twitter, terem perfil no facebook (TENHO TUDO ISSO!). Precisamos no adequar ao novo aluno. Novas ferramentas para o aluno do século XXI.
Agora já tem escolas que dão para os alunos tablets. Vamos nós mais uma vez nos adequarmos a esta novidade. Será que vamos aposentar o pen drive e o datashow? Vamos dar aulas em tempo real com os alunos acessando o conteúdo no tablet? Espere e verás o próximo capítulo da novela tecnológica.
E o professor diante de todas as novas tecnologias? Como se sente? Está satisfeito? Preparado? Assustado? Atordoado? “Aperreado?”
A maioria dos nossos professores estão ainda na pré-história tecnológica, ou seja, no giz. Ainda há escolas sem carteiras, ainda há salários atrasados, ainda há desrespeito com a classe, ainda há ingerência na sala de aula. Sabe por que? Porque a profissão ainda não é respeitada.
Toda tecnologia à disposição de professores não foi criada para que nosso trabalho seja realizado com maior dedicação, para que tenhamos mais tempo para preparar melhor os conteúdos e desenvolver técnicas pedagógicas que leve crianças, jovens, mulheres e homens a se tornarem agentes transformadores da sociedade, sujeitos de suas histórias. A tecnologia não foi desenvolvida para que nos dediquemos mais à pesquisa e a construção do conhecimento. A tecnologia é desenvolvida como elemento de facilitação para que aqueles que lucram com a educação lucrem mais. Para que governos apresentem melhores relatórios, instituições ganhem mais pontos nas avaliações regulares e para que os alunos pensem que estão verdadeiramente aprendendo.
Não sou contra a tecnologia, se não este blog não existiria. Sou contra qualquer ditadura, inclusive a tecnológica. Qualquer elemento que venha cercear a liberdade de um professor, que surja como imposição é prejudicial, limitadora e deve ser rejeitada.
Não é preciso de tecnologia para ser professor. Ela pode vir auxiliar na difícil, mas prazerosa tarefa de partilhar e construir conhecimento. Mas não é, e nunca será essencial. Essencial é o ser humano professora e professor. Essencial é o investimento em pessoas, em relações. Essencial é o respeito, é a valorização, é o reconhecimento da capacidade criadora destes homens e mulheres que se dedicam a profissão. Essencial é não ser o professor identificado apenas como um número ou uma pontuação qualquer. Essencial é ser professor!
Parabéns grandes professores e professoras. Parabéns minha Mãe, grande e inspiradora professora. Quando crescer quero ser uma professora igual a senhora: dedicada, livre, competente.
Parabéns colegas. Amanhã é dia de continuar a labuta.

@ZeRominho

domingo, 14 de agosto de 2011

MAIS UM DIA DOS PAIS

Eu gosto destas datas comerciais. As pessoas ganham dinheiro, outras gastam. Os filhos ficam eufóricos em comprar presentes, os que vão receber (neste caso os pais) fazem aquela média de que não estão nem aí para o que vão receber (mentira pura!), e ainda dizem: “não precisava”.

É assim com o dia das mães, dos pais, natal, dia dos namorados e por aí vai. Tem sempre um “não precisava”. Mas se voce não der, ou não lembrar de telefonar ao menos… A casa cai. As pessoas ficam tristes, se consideram diminuídas, esquecidas e menos importantes. Como isso é interessante.

Estas reações, de quem recebe e de quem dá, revela como nossas relações estão fragilizadas. Como deixamos de pensar no outro como pessoa. A lembrança vem no bojo de uma data específica. E aqui estou falando da lembrança de dar e de receber. Há pessoas que só se lembram dos outros quando são esquecidas (paradoxal isso!).

É por isso que gosto destas datas. Elas revelam a sociedade que vivemos e as pessoas que somos. Numa só palavra: interesseiros. Pode parecer até meio estranho eu falar isso, mas é assim que vejo as relações hoje em dia. Quando estabeleço relações com base no dar e receber, crio relações superfúlas, frágeis. Quando penso no outro como pessoa, ser humano, alguém que como eu quer ser amado, independente do é ou tem, não espero algo em troca. Apenas vou ao encontro dele.

É desta forma que penso o dia dos pais. Mais um dia. Mais um dia de sair de mim mesmo ao encontro desinteressado do outro. Do outro que como eu quer ser amado, respeitado, entendido.

Se me perguntassem o que gostaria de ganhar nos dias dos pais, responderia: UMA SOCIEDADE MENOS INTERESSEIRA, E MAIS HUMANA. Incluindo aí os filhos e os pais.

É isso aí. Abraços!

@Zerominho

domingo, 12 de junho de 2011

A VIDA - ALGUMAS REFLEXÕES


A vida é cheia de desafios, de atropelos, de armadilhas. Mas também cheia de beleza, poesia, amores, alegrias. E em meio a esta dialética de sentimentos somos chamados a viver. Mas o que é mesmo viver? Esta é a pergunta que vou tentar responder nesta postagem.
Sei que é uma pretensão tentar responder algo assim. Mas viver já é uma pretensão. E por aqui começo o meu conceito de viver. Viver é antes de tudo VONTADE, ASPIRAÇÃO.
Viver é vontade, logo perder a vontade, perder o desejo é deixar de viver. Aspirar, querer algo é fundamental para manter a chama da vida. Fico pensando em pessoas que perdem o desejo, vivem sem vontade de realizar coisas. Estas pessoas ficam à margem da vida.
Também viver é CORAGEM. Coragem é entusiasmo, força, ânimo. Daí quem vive é uma pessoa corajosa, que se entusiasma com o dia-a-dia, mesmo diante dos desafios, atropelos e armadilhas não desanima. É persistente, caminha para ultrapassar os obstáculos que aparecem.
Viver é perceber beleza, poesia, amor, alegria nas mínimas coisas. É saber transformar o feio no belo; a dissonância em métrica poética; o ódio em amor; a tristeza em alegria. Pois nem tudo é feio, dissonante, odioso ou triste. Viver é a capacidade de superar e transformar as coisas que nos acabrunham em combustível criativo.
É ... Viver é uma aventura muito interessante. Pena que existam pessoas que têm medo de aventuras, logo têm medo de viver. Preferem viver opressas, presas a velhos sentimentos, ou fugindo das coisas que se lançam à frente. Preferem conviver com o medo, com a não beleza, com a dissonância das frases soltas, ou até mesmo com o ódio, do que viver a aventura da vida. E então ter a pretensão de mudar o mundo, a coragem de fazer diferente, de ver a vida com outros olhos e senti-la com outros sentimentos.
A vida existe para ser vivida na mais completa plenitude, e não para ser escondida nas incertezas humanas.

@Zé Rominho

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O ato de Envelhecer

Esta semana estive em um aniversário de 60 anos de um amigo/irmão. E a sua festa me fez pensar em algumas coisas sobre o ato de ficar mais velho ou simplesmente envelhecer. Então escrevi este texto que dedico a ele.
Eu gostaria de começar citando o grande Chico Buarque em uma das suas premiadas obras, Leite Derramado: "(...) com a idade a gente dá para repetir certas histórias, não é por demência senil, é porque certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da vida."
O mundo atual, feito para supervalorizar a juventude, diz que não podemos mais usar a expressão VELHO. Não é politicamente correto. São tratamentos de beleza, exercícios físicos e outras coisas mais para não envelhecer. Ser saudável é PARECER JOVEM. Como ser velho fosse sinônimo de ACABADO, DOENTE...
Fazer 60 anos com toda a tecnologia que permite se viver mais, ainda é um privilégio. Privilégio de alguém que viveu muitas histórias. Ter tido a oportunidade de viver muitas experiências e ter feito parte da história. Feito sua história e participado de outras histórias, de pessoas, de lugares, de mundos.
Penso que este é o sentimento que passa pela mente da personagem de Chico Buarque ao dizer: “certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da vida”. Somos seres de experiência. Ou melhor, vivemos experiências a todo instante, e viver é transformar estas experiências em sentimentos, conhecimentos, histórias.
Pois bem, é na Bíblia que aprendemos que experiências transformadas em sentimentos, conhecimento e história são a base para uma vida feliz e abençoada. Vejamos o que diz o salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria” (Salmo 90,12).
Contar os dias é contabilizar experiências. Transformando-as em vida. O vigor da juventude não produzirá o frutos desejados caso sejam utilizados sem sabedoria. Envelhecer é saber viver com sabedoria estas experiências.
Jovens nos chamam de retrógrados, museu, dinossauro etc. Mas nós (aqui me enquadro), somos na verdade sábios. Para Platão, os sábios não estavam mais preocupados com a força, com os prazeres temporários, mas dedicados à vida. Não só a nossa, mas também do outro: filhos, netos, esposa, amigos... É isso que a sabedoria faz conosco: impulsiona-nos a cuidar do outro. Ter coração sábio é saber cuidar do outro. Saber contar os dias é transformar as experiências da vida em cuidado.
É Walderly, muitas coisas poderiam ser ditas, mas vou ficando por aqui. E desejo a você uma “velhice” maravilhosa. Sabendo que vão vir limitações, mas acima de tudo virão alegrias. Alegria de cuidar do outro, alegria de ser cuidado pelos outros, alegria de lembrar-se das coisas que fez e oportunidade de fazer coisas novas, mas também oportunidade de deixar de fazer coisas que não são tão legais assim.
Parabéns pela vida a você e a todos nós que envelhecemos.

@ZEROMINHO

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

LEMBRANÇAS

Esta semana o Facebook me fez encontrar algumas pessoas que sem estas ferramentas virtuais, as chamadas redes sociais, dificilmente eu teria alguma notícia. E quando relembramos bons momentos da nossa vida somos tomados por um sentimento chamado de saudade. Uma “coisa” boa acontece conosco. Boas lembranças, e somos transportados para outra dimensão.

É justamente sobre lembranças que quero escrever hoje.

O mundo atual não nos permite ter lembranças. As notícias que nos chegam já mastigadas dos meios de comunicação (internet, telejornais etc.) não possibilita digerir a notícia anterior. Só para exemplificar, em janeiro a notícia foi a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro, logo mudou o foco, e passou a se falar da crise no Egito. Esta semana foi à aposentadoria de um jogador de futebol. E a cada novo “furo” jornalístico, deixa-se de lado a notícia “antiga”. Esta avalanche de informação não permite que tenhamos lembranças. Não há tempo para refletir sobre o ocorrido, logo não se transforma a informação em conhecimento. Sem conhecimento não há lembranças.

O mundo da informação é fantástico. Um exemplo disso é como pude reencontrar pessoas via a rede mundial de computadores. Mas este mundo também é trágico. Pois ele faz com que o ontem pareça que nunca existiu. A lembrança é o modo que temos de perpetuar momentos. De tornar inesquecível aquilo que de algum modo foi importante para a construção de nossa existência. Mesmo algumas situações que nos são desagradáveis, que nos vêm à lembrança, foram importantes na nossa formação como pessoa.

Lembranças são informações que foram pensadas, processadas, refletidas. Experiências vividas que se tornaram em verdadeiro conhecimento. Conhecimento de vida. Por isso, quando há um acelerador, algo que acenda a chama, elas vêm à baila (adoro esta expressão). E vêm trazendo consigo sentimentos, idéias, desejos etc.

Neste momento me vem à lembrança o Salmo 126: “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho. Então nossa boca encheu-se de riso...” É, quando no cativeiro se lembravam das coisas da Terra Prometida, eles tinham grandes e boas lembranças. Isso significa que as experiências vividas foram tão boas, tão especiais que eles não esqueceriam jamais. Experiências que foram fundamentais na construção da identidade daquela nação. Lembranças são reflexos daquilo que vivemos, logo nos ajudam na construção da nossa identidade.

Lembrar da minha adolescência estes dias e dos meus primeiros meses de vida pastoral a partir do reencontro (mesmo que virtualmente) com algumas pessoas que conviveram comigo, me fez perceber o como é importante processar as informações e transformá-las em conhecimento. Este conhecimento foi responsável pela pessoa que sou hoje. Estes amigos fazem parte da minha vida. Aprendi com eles e com as situações vividas. Foram experiências vividas por isso mesmo fundamentais na construção da minha existência enquanto pessoa.

Talvez por isso se diga por aí que “Recordar viver”.

Abraços

@zerominho

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cansei de Cobranças

Aprendi desde cedo que somos responsáveis pelas nossas escolhas, e isso nos faz automaticamente responsáveis pelos nossos atos. Esta lição que aprendi em casa, com minha avó e com minha mãe me possibilitou nunca fugi das minhas decisões. Isso não significa que não tenha errado, ou não tenha me arrependido de algumas atitudes. O que significa é que sempre as enfrentei.

E porque trago isto à baila neste momento? Por um motivo muito simples: as pessoas têm medo de assumirem seus erros e de enfrentar suas escolhas, mesmo que sejam acertadas.

Em um mundo de resultados, somos cobrados sempre pelo lucro que temos ou podemos dar a alguém (inclusive instituições). Se tomarmos uma atitude que reflita algum tipo de perda, nós somos execrados, somos visto com desconfiança, e até “perdemos” alguns amigos. Por mais consciente que seja nossa decisão, por mais que enfrentemos as situações, as pessoas nos cobram resultados, sempre considerados positivos na leitura destes cobradores de atitudes.

Confesso que cansei de cobranças deste tipo. Ser responsável é não fugir das situações que a vida nos coloca e das que não geram lucro.Ser responsável é enfrentar a vida sem medo. Ser responsável é não estar preocupado em gerar lucro, mas sim VIDA.

Por esta semana é só. Abraços e tenham uma semana feliz!

@ZEROMINHO

domingo, 16 de janeiro de 2011

A EQUAÇÃO DA VIDA

É interessante como as coisas acontecem. Certas vezes saímos em busca de algumas coisas na esperança de que ocorram como nós desejamos. Aí, como não temos o domínio das situações, nos sentimos decepcionados. Então descobrimos que nossa auto-suficiência é pura ilusão.

O mais incrível é que sabemos destas coisas e continuamos acreditando que dominamos as situações. Continuamos a buscar acreditando que encontraremos o que queremos, que faremos como desejamos, que realizaremos o planejado. Não sei se chamo isso de ilusão ou de ingenuidade.

A vida é simplesmente uma incógnita. Há momentos que parecem que temos o domínio da situação, outros que não conseguimos enxergar soluções viáveis. Diante desta incógnita o que fazer? Como resolver esta equação da vida?

Lembro da minha vida de estudante secundário. Amava resolver equações de 1º e 2º graus e achar o valor de “x”. Passava horas resolvendo equações. Algumas vezes criava as minhas, com graus de dificuldade cada vez maior. Se eu soubesse que a própria vida iria criar suas equações, eu teria treinado mais para hoje saber as respostas para as equações da vida.

A auto-suficiência nestas horas não serve para nada, não resolve a equação da vida. Minha única esperança é saber que a resposta existe. Posso não saber onde e como encontrar, mas ela existe.

Para todas e todos uma ótima semana!

@zerominho

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

PRÓSPERO ANO NOVO!

Esta é uma saudação comum nestes dias. Passado o Natal, as pessoas se preocupam com a festa do ano novo, ou como se convencionou a dizer: réveillon. Uma expressão que se tornou comum em nosso meio. E junto com o réveillon aparece a saudação PRÓSPERO ANO NOVO. Lembro-me das festas de passagem e ano na casa de minha avó paterna. Ao redor da mesa, cantando “Adeus Ano velho, feliz Ano Novo” e fortemente marcado pela ideologia global “Hoje a festa é sua é de quem quiser”. O melhor era a comida que era bem farta naquele dia.

Pois bem, gostaria de pensar com vocês neste meu post de fim de ano sobre estas três palavras separadamente: PRÓSPERO, ANO E NOVO.

Vou começar com a prosperidade. Todos nós queremos prosperar, e a idéia principal ao se desejar para alguém um ano próspero está em que o outro tenha uma melhor condição financeira no ano vindouro. “Muito dinheiro no bolso” diz à música que todos conhecemos.

Desejamos aos outros, mas no fundo queremos isso para nós. É uma saudação bumerangue. Queremos um ano mais rico do que o que está acabando. Sim, esta é a realidade. Sem hipocrisia. Por melhor que o ano tenha sido no que se refere a vida financeira, nós não estamos satisfeitos e queremos mais prosperidade. Até aí tudo bem. Penso que o problema começa quando focamos apenas nisto.

É neste contexto de um foco apenas na prosperidade financeira que pessoas usam roupas íntimas amarelas, põe semente de romã na carteira, e outras simpatias. Alguns que se dizem cristãos evangélicos chegam a fazer correntes, campanhas de oração para obter tal prosperidade. Lastimável.

Desejo a outros e quero para minha vida prosperidade na vida familiar, no conhecimento de Deus, na formação acadêmica etc. A vida é um conjunto de coisas e que esperamos em Deus que prosperem.

A outra palavra é ano. Como adoramos segmentar a vida. Contamos os dias e as horas. Separamos as estações do ano e elegemos a que preferimos. Há uma necessidade de fragmentação do tempo. Lembro de Santo Agostinho: "Que é, pois, o Tempo? (...) Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar (...) já não sei". Nesta ansiedade para se entender o tempo, o dividimos, o segmentamos. E aí tentamos descartar o que é tempo passado.

Ao se desejar que o ano seguinte seja próspero, as pessoas tentam dizer: ANO que vem vai ser melhor. E alguns até dizem: até que enfim acabou este ano! Por quê? A experiência da vida não é válida? O ano findo não lhe trouxe nada de bom?

Creio que o ano que se finda, este pedaço do tempo que fragmentamos e chamamos de ano, deveria servir para aprendizado. Cada segmento de tempo é parte de nossa existência, logo elemento para reflexão. O desejo não deve ser de fim, mas de continuidade. Nós existimos como seres de continuidade.

Para encerrar quero pensar sobre o novo. Que necessidade de excluir o velho do nosso meio. Incomodam-me aquelas eternas charges do ano “velho” caído, curvo, de barba grande e branca, com ares de tristeza despedindo-se, enquanto o ano novo, criança sorridente se aproxima cheia de “vida”. Qual a necessidade de pensar o passado, como velho, como doente, que não tem mais energia e o que é pior, que não pode mais executar nada.

O novo deve estar lado a lado com o velho, pois ele só existe porque o velho construiu os caminhos para que chegasse até aqui. O novo nada mais é do que o ontem hoje. Toda a esperança que vem com o novo, é devido ao que aconteceu antes.

Então que neste ano de 2011, que vem cheio de esperança (novos governantes, novas expectativas, etc.), com possibilidades de grandes realizações, você, eu e todos possamos ser felizes. Sejamos prósperos do conhecimento de Deus, e cheios de vontade para fazermos aquilo que neste fragmento de tempo chamado 2010 não conseguimos realizar. Que a maior de todas as novidades venha a ser a nossa felicidade.

Vou desejar a você e a todos (inclusive eu mesmo) um 2011 abençoado pelo Senhor Eterno e repleto de paz. Um ano muito feliz.

Zé Rominho

@zerominho